quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Portugal começou a construir um muro para impedir a entrada de turistas

Acumulam-se cada vez mais nas zonas fronteiriças os turistas oriundos de toda a Europa procurando férias em Portugal. Vêm de países onde a situação de vida é muito difícil, tendo por vezes de viver meses sem ver o céu azul. “Porrtugal lêgau”, responde Erwin Hellmann, de apenas 82 anos, quando questionado sobre a sua escolha de destino. Preso no aeroporto Sá Carneiro, espera por uma brecha para tentar sair do aeroporto. Há cinco dias que se encontra aqui, comendo pacotinhos de amendoins que trouxe do avião.
Para travar esta onda migratória, o governo português optou por dar luz verde à construção dum muro com a fronteira espanhola e em torno dos aeroportos internacionais e portos de cruzeiros. A obra terá um custo de 51 milhões de euros e deverá concluir-se nos finais de 2017. “A situação é muito grave e necessitamos que a Europa tome medidas para controlar esta chegada descontrolada de turistas.”, diz a Ministra da Administração Interna. “A Europa deve-nos financiar a construção do muro pois foram as suas políticas de trabalho excessivo e meteorologia cinzenta que levaram a esta situação humana gravosa.”
Já os outros líderes europeus queixam-se de que Portugal tem feito poucos esforços para acolher a vaga de turistas que assola a Europa do sul. O homólogo espanhol avisa que a Espanha não pode receber mais e que já se testemunham condições muito difíceis nos campos de acolhimento em toda a costa mediterrânica. “As imagens recentes de Benidorm e os relatos de Barcelona fazem prova disso”, acrescenta.
Mas também nos aeroportos a situação vai-se piorando. “Diariamente somos confrontados com situações diversas”, diz um dos polícias destacados para controlar a entrada de turistas, “em que os turistas nos tentam comprar por um mega-pacote de cigarros, um whisky de malte de 21 anos ou um perfume da Fabergé.” A pouco e pouco os turistas vão escapando ao cordão policial, o que terá levado o governo a decidir-se pela construção do muro em torno dos aeroportos e dos outros pontos de interface com território estrangeiro.
Nos portos de cruzeiros repete-se o cenário. “O drama o humanitário aqui é trágico.” afirma Pedro Dias, um jovem trabalhador num dos muitos estabelecimentos que acolhem turistas na baixa lisboeta. “As pessoas fogem das condições muito miseráveis em que vivem no norte da Europa. Pagam valores exorbitantes para serem transportadas para cá. Se não se trava a saída deles dos seus países de origem e se não se os deixa afogar no Atlântico e no mar do Norte, eles não vão desaparecer. É preciso acolhê-los.” Muitos são aqueles que como Pedro Dias fazem prova de generosidade e acolhem os muitos turistas de braços abertos. São muitas as vozes que como a dele se levantam contra o que dizem ser uma atitude racista e desumana da parte dos governantes do sul da Europa. “Ainda que loiros, altos e ricos eles são como nós. Querem paz e sossego. Buscam na vida o mesmo que nós.”
Porém até o próprio custo da obra causa polémica. ”É cara e ineficiente”, defende o Dr. Rogério Proença. O engenheiro defende que a obra podia ser feita a um décimo do custo se se aproveitasse o betão das auto-estradas. "Nalguns sítios bastava colocar o pavimento na vertical. A obra ficava feita em três meses e ficávamos com uma dezena de barreiras de 8 faixas de altura desde a fronteira oriental até ao mar.”
Também a oposição crítica o custo da obra. “Não percebo, bastava fechar os aeroportos”, afirma Mário Freitas, deputado do Bloco de Esquerda. “Se os aviões não aterrassem, não era preciso construir o muro.” Esta sugestão já foi apresentada no parlamento mas foi considerada pela coligação como “absurda e mais uma prova da cegueira radical e ideológica da esquerda”.
Tudo isto ocorre numa semana em que Passos Coelho fez os títulos dos jornais televisivos com um vídeo polémico em que é filmado em Albufeira a explicar a uma menina inglesa que tinha de voltar para o seu país. “É preciso compreender que não há lugar aqui para todos.” Após a menina desabar em lágrimas, o ministro apressou-se a dar-lhe palavras de apoio e consolação. "Por acaso a ideia de consolá-la até foi minha", conclui.

terça-feira, 20 de maio de 2014

em como o amor não tem barreiras


"Susana estava a estudar na universidade quando foi abordada por Mário, três anos mais velho, na pista de dança do então bar gótico “Disorder”. O medo do cabeça-rapada tatuado com cruzes suásticas e vestido de negro deu lugar à curiosidade. Nos dias seguintes, deu por ela a voltar ali na esperança de reencontrá-lo. Ele fez o mesmo. Era dia de Natal quando trocaram o primeiro beijo. Ela, filha de uma família de esquerda e criada em Cascais, desconhecia sequer que o homem por quem estava a apaixonar-se tinha já cumprido pena de prisão – por envolvimento num crime racial no Bairro Alto, em Lisboa."